terça-feira, 10 de maio de 2011

Entendendo Mateus 12:40

Entendendo Mateus 12:40

Recentemente recebemos um comentário nos sermões disponibilizados no 7online com uma pergunta referente aos três dias que Jesus parmaneceu na sepultura.
A pergunta feita por  poderia ser resumida assim:
Cristo morreu numa sexta-feira e ressuscitou no domingo, como fazer este cálculo? Se o próprio Cristo disse que ficaria morto três dias e três noites, será que Cristo se enganou nos cálculos?
COMO HARMONIZAR AS 36 HORAS, MAIS OU MENOS, QUE CRISTO ESTEVE NA SEPULTURA, COM SUA DECLARAÇÃO EM MATEUS 12:40?

Tomando as palavras de Mateus 12:40 ao pé da letra concluímos que Jesus diz que ficará 72 horas na sepultura. Mas os evangelhos declaram que esse período durou aproximadamente 36 horas. Como harmonizar isso?
Para encontrarmos uma explicação do problema de Mateus 12:40 precisamos compreender o pano de fundo da declaração de Jesus, analisando o contexto dentro do qual ele proferiu essas palavras, e o que elas significavam para aqueles que as ouviram.

O próprio Mateus, claramente, demonstra que Jesus foi sepultado no final do dia da preparação e ressuscitou no primeiro dia da semana, ainda de madrugada (Mateus 27:45; 28:1). Portanto, Jesus esteve na sepultura no seguinte período de tempo:
a) parte da sexta-feira;
b) todo o dia de sábado;
c) parte do domingo.
E agora? Errou Jesus o cáculo?

CONTEXTO

Jesus acabara de realizar a cura do homem com a mão ressequida dentro de uma sinagoga (Mateus 12:9-21). Em seguida expulsara um demônio cego e mudo de um homem (vv. 22-24). Após isso os escribas e fariseus pediram-lhe um sinal (v. 38). Era costume deles assim proceder com os que se proclamavam mensageiros de Deus (I Coríntios 1:22).

Pelo comportamento obstinado e apóstata demonstrado, não tinham o direito de pedir sinal, e se Cristo lhes desse, não aceitariam. Nenhum outro sinal lhes seria dado a não ser o sinal do profeta Jonas. Mas qual é o significado do sinal do profeta Jonas?
O Comentário Bíblico Adventista ao explicar este verso defende que o sinal prefigurava tanto a pregação como a ressurreição de Jesus. Assim como Jonas escapara da morte para pregar aos ninivitas a mensagem de arrependimento e salvação, do mesmo modo Cristo através de Sua ressurreição levaria a todos que o aceitassem a salvação.

O Desejado de Todas as Nações, página 406, declara:
“ ‘Hipócritas’, disse Jesus, “sabeis diferençar a face do céu” – estudando o céu, podiam predizer o tempo – “e não conheceis os sinais dos tempos?”As próprias palavras de Cristo, proferidas com o poder do Espírito Santo que os convencia do pecado, eram o sinal dado por Deus para salvação deles. E sinais vindos diretamente do Céu foram, concedidos para atestar a missão de Cristo. . . . “E suspirando profundamente em Seu espírito, disse: Por que pede esta geração um sinal?” “Nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal do profeta Jonas.” Como Jonas estivera três dias e três noites no ventre da baleia, havia Cristo de estar o mesmo tempo “no seio da terra”. E como a pregação de Jonas fora o sinal para os ninivitas, assim o era a de Cristo para Sua geração.” Os versos seguintes de Mateus 12:40 comprovam que Jesus se referia tanto à Sua pregação quanto à ressurreição.

CONTAGEM INCLUSIVA

A solução do problema da aparente contradição do tempo real de Jesus na sepultura, com Sua declaração, se encontra na seguinte explicação que segue abaixo.
A expressão “três dias e três noites” tinha para os judeus, que viviam no oriente, uma conotação diferente do que tem para nós hoje, que vivemos no mundo ocidental. Não podemos esquecer que a Bíblia foi escrita numa cultura muito diferente da que vivemos hoje.

Primeiramente, ao declarar três dias e três noites, Jesus está se referindo claramente a um período de três dias. Esta era uma maneira comum na época de referir-se a um período de tempo, assim como nós, hoje, podemos muito bem falar: “De manhã, de tarde e de noite”, e assim estaremos nos referindo a um período de “um dia”.
Percebemos também que a maneira de contar o tempo, chamada “contagem inclusiva”, incluía o dia inicial, bem como o dia final, sem considerar quão pequena fosse a fração do dia inicial ou final.

Há exemplos deste processo nos escritos sagrados e profanos:
I. Sagrados
1) Ester 4:16; 5:1 “e jejuai por mim, e não comais, nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia”, “Ao terceiro dia Ester se aprontou”. O período de três dias, sob o ponto de vista ocidental (72 horas), não havia chegado ao fim quando ela se apresentou perante o rei, se fosse diferente estaria no quarto dia.
2) As crianças em Israel eram circuncidadas ao terem 8 dias (Gênesis 17:12), porém, a circuncisão ocorreria no oitavo dia devido a contagem inclusiva (Levíticos 12:3; Lucas 1:59).
II. Profanos
A Enciclopédia Judaica Universal no item – “dia”, assim se expressa: “Nas práticas religiosas, a parte de um dia é freqüentemente contada como um dia completo. Tal é o caso dos sete dias de luto, se o funeral ocorre à tarde; a curta porção restante do dia é contada como um dia completo. Na contagem da data da circuncisão no oitavo dia após o nascimento, mesmo uns poucos minutos do dia restante após o nascimento são considerados como um dia completo.”

CONCLUSÃO

Tendo em vista as explicações acima podemos ver que quando Jesus declara três dias e três noites ele está se referindo a um tempo de três dias. Porém, a maneira de contar esses dias difere da ocidental.
Fazendo um diagrama podemos ver como os judeus contemporâneos de Jesus entendiam o tempo:
1 DIA
1 DIA
1 DIA
Tarde da sexta
Sábado todo
Manhã de domingo

Na cabeça dos judeus orientais, por menor que fosse o período da sexta-feira ou do sábado, eles eram considerados como um dia.
Portanto não há nenhuma dificuldade de harmonizar a passagem de Mateus 12:40 com o período em que Cristo esteve na sepultura, se for considerada a cultura hebraica e o contexto histórico da época.

Se o problema, aparentemente existe, este é resolvido, quando se considera a contagem diferente dos orientais – contagem inclusiva.
Vale ainda ressaltar que mais importante do que o tempo da estada de Cristo na tumba, foi a sua morte vicária, que nos propicia a salvação. Demos sempre graças a Deus pelo sublime sacrifício de Cristo por nós. Amém!

Pr. Filipi Modzeieski Costa

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