Imagine a cena: na sala de estar, a família assiste ao telejornal, quando, no intervalo, aparece a propaganda de uma marca de cerveja. A filha pequena acompanha com olhos curiosos e depois pergunta:
- Pai, o que é devassa?
O pai, tentando encontrar a melhor definição, apela para o dicionário:
- É uma pessoa depravada, dissoluta, libertina, licenciosa.
- E o que é uma pessoa depravada e libertina – volta a perguntar a filha.
A coisa fica complicada. O pai fecha o dicionário e tenta sozinho, medindo as palavras:
- É alguém que não se comporta bem… “Fica” com muitas pessoas, faz sexo sem compromisso. Essas coisas.
- A Sandy não era uma boa moça de família?
- Creio que sim.
- Ela não é casada?
- Sim, filha, a Sandy é casada.
- A Sandy é devassa?
O pai pensa um pouco, procura acompanhar a lógica da filha, coça o queixo e reponde com certa insegurança:
- Não. Acho que a Sandy não é devassa. Pelo menos acho que nunca foi.
- Então por que ela fez esse comercial que diz que todo mundo tem um lado devassa?
- Não sei. Talvez pelo dinheiro. Talvez por brincadeira. Sei lá.
- Posso brincar de ser devassa também?
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