terça-feira, 19 de maio de 2009

COLUNA DA TALYTA

Sim. O ônibus é uma ótima fonte de inspiração.

Hoje mais uma vez estava eu na luta diária e ao subir no ônibus me deparei com uma cena inesperada. Havia uma criança, um molequinho de uns 4 ou 5 anos eu acho que estava sentado no primeiro assento, aquele sozinho que fica imediatamente após a porta. Ele estava estendendo suas mãos para cada um dos passageiros que entrava. As duas mãos.

Mas não era pedindo colo, ele estava em pé estendendo os bracinhos pra baixo na direção de quem subia.

Eu ignorei as mãos dele, como quase todos que entraram, eu acho. Mas porque esse menino estava estendendo as mãos? O que se passava na cabeça dele e porque provavelmente a maioria ignorou o ato dele?

Acredito que ninguém espera que alguém vá estender as mãos para te ajudar a subir as escadas do ônibus né, o ser humano está acostumado a tentar solucionar suas dificuldades sozinho. Para entrar no ônibus, muitas vezes quem entrar primeiro ganha! Os últimos assentos vazios, os lugares na janela pra tirar um cochilo... Sempre o eu, eu e eu.

Mas, porque as mãos estendidas? Ainda mais de uma criança. Por acaso ele daria conta sozinho de puxar alguém escada acima? Eu não vi o rosto dele, mas devia ter um sorriso, ou um olhar carinhoso, alguma coisa assim. Sabe, mesmo o primeiro passageiro que entrou ignorando as mãos dele, ou inocentemente passando sem ver, esse menininho não desistiu, ele estendeu as mãos novamente pro próximo.

Vocês conseguem imaginar a cena? Mas o que chama atenção é que ele nem sequer sabia quem ia subir ali, e mesmo assim estendeu as mãos.

Porque? Será que a mãe dele ensinou isso pra ele em casa? Acho difícil, o mundo anda tão perigoso, alguém poderia fazer uma maldade com o pequeno, dar alguma coisa pra ele comer, bater nele, sei lá!

Prefiro pensar que a atitude dele era simplesmente voluntária. Eu não precisava de ajuda pra subir, acredito que quase ninguém. E se fosse uma velhinha? Ah, uma velhinha precisaria. Mas não é essa a questão.

Na nossa vida, passamos por muitos momentos difíceis mas sabemos que ao nosso lado sempre tem alguém com os braços estendidos. Nós ignoramos, tentamos vencer tudo sozinhos, mas os braços estão lá, mesmo que seja apenas para tornar a subida menos cansativa. Mesmo nós adultos sabendo que o pequeno não teria força pra me puxar pra cima, ele tentou com tudo que tinha, independente da minha reação, do meu
humor.

Quando Jesus Cristo diz "Vinde a mim vós que estão cansados..." Ele quer tornar nossa subida menos cansativa. Mesmo quando temos certeza que conseguimos fazer o que for sozinhos, Ele ainda está lá, quer nos ajudar. Que nós possamos parar e enxergar a nossa volta, que possamos aprender com as pequenas coisas, reparar os pequenos gestos, os pequenos milagres do dia.

Que, como uma criança, nós possamos auxiliar uns aos outros incondicionalmente... É isso que Jesus fez e faria no nosso lugar. E que, diferente de mim no ônibus, que nós possamos perceber isso tudo a tempo e não apenas quando olharmos pra trás e vermos que poderia ter sido mais fácil se nós aceitássemos as mãos estendidas.

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Talyta Ribeiro

2 comentários:

  1. Na verdade eu penso que o menino, pequeno, ao compreender a dificuldade que seguramente teve para subir as escadas e ver a carinhosa mão da sua mãe ao ajudá-lo a subir, quiz também ajudar você e todos os passageiros que subiam para que não tivessem que passar por esse problema.

    Isto me faz lembrar de quem veio como um humildes menino, sofrer todas as dificuldades desta vida; quem conhece nossa dor e mesmo que a gente as vezes não acredite ou não preste atenção, Ele está ali, estendendo Sua mão para nos ajudar a subir cada degrau e vencermos as dificuldades. Só que Ele é o Todopoderoso, Onipresente, Onisciente; quánta dor evitaríamos se so olhásemos para essa mão que como a mão de uma mãe nos diz "confia em mim, eu te ajudo", mas vez tras vez erramos por confiar na nossa própria força em lugar de aprender, como esa criança, a depender de quem mais nos ama e quer o melhor pra nós.

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